Com os efeitos da pandemia e protagonismo dos pais, educação ganha novos contornos

APRENDENDO DE CASA – Pais e escolas se reinventam para fortalecer o ensino infantil em um novo contexto, propondo leituras e rotinas lúdicas

Após a pandemia, o normal do mundo nunca será como antes. Mudam-se os hábitos em casa, criam-se profissões oferecidas de forma remota, dão-se novos contornos à educação. O protagonismo dos pais na tarefa de ensinar nunca esteve tão presente como nos últimos meses quando ficar em casa se tornou a melhor opção para conter a transmissão do coronavírus. Estudar e aprender são verbos agora corriqueiros no vocabulário de Thalita Akemi da Silva Teixeira, de 23 anos, e Vanessa Valeriani Tavares, de 28 anos, mães de filhas matriculadas na Rede Municipal de Ensino.

Pais e escolas se reinventam para fortalecer o ensino infantil em um novo contexto, propondo leituras e rotinas lúdicas. “Agora que estou em casa por mais tempo e ela não pode ir à escola, brinco e aprendo com as aulas”, diz Vanessa com um sorriso tímido. Com o auxílio da equipe pedagógica, que disponibiliza conteúdos educacionais, as atividades diárias são bem-sucedidas. “Quando tenho dúvidas, a professora conversa comigo e com a minha filha”. A empresária é mãe de Alice Valeriani Alencar, de 5 anos, estudante da pré-escola na Escola Municipal Ana Cândido Ebling de Oliveira.

O celular toca duas vezes. A imagem da professora Patrícia Mara Prates Poltronieri, de 47 anos, logo surge na tela. “Oi, meninas. Como estão as atividades?”, acena para as duas. No meio da aula há sempre aquela hesitação. “Como vamos fazer a tarefa com a tinta azul, professora?”, indaga Vanessa. Ela diz que teve de se adaptar para manter a filha envolvida. “Sempre tive respeito pela figura do professor. Agora, com a pandemia, isso triplicou. Se para aplicar atividades a uma criança é difícil, imagine ensinar 30 ao mesmo tempo? Estou sentido na pele”, brinca.

Em uma das abordagens para garantir o ensino-aprendizagem apresentado pela escola, Alice decidiu montar um canal no YouTube. “A professora pediu uma atividade na cozinha, em que os alunos tinham que fazer uma torta, mexer com ingredientes”, conta a mãe. O trabalho sugerido pela unidade escolar foi o pontapé inicial para o protagonismo da pequena nas redes sociais. “O curioso é que o pedido partiu dela. Estamos produzindo sempre algo novo”.

Concursada da Rede Municipal de Ensino há 26 anos, Patrícia dá suporte quase que em tempo integral e oferece atendimento individualizado por mensagens ou videochamadas. “A relação com os pais mudou, ficou mais próxima. Eles estão participativos, isso é fundamento para o processo de aprendizagem dos alunos”. Ela também se aventurou como youtuber. “Postos vídeos com dicas. Aproveito para ensinar e sugerir atividades cotidianas”.

Thalita Akemi é mãe de Evelyn Cristine Teixeira Silva, de 4 anos, com deficiência auditiva. As duas dedicam parte do tempo para estudar

Uma das dificuldades de Thalita Akemi é manter a filha Evelyn Cristine Teixeira Silva, de 4 anos, com deficiência auditiva, concentrada. “Ela tem muita energia. Para fazê-la prestar atenção tem que ter habilidade”, sorri. A menina é aluna do Atendimento Educacional Especializado (AEE), na Escola Municipal Leonor Mendes de Barros, e está matriculada no ensino regular da Escola Municipal Professora Maria Cristina de Macedo Gomes. Na casa da família Teixeira, os trabalhos escolares iniciam pela manhã, após o café.

Com Língua Brasileira de Sinais (Libras), elas começam as atividades registradas no caderno de cronograma, produzido pela própria Thalita para organizar as tarefas do dia. “As aulas são as mesmas, porém adaptadas. Por mais que seja algo simples para explicar, eu ainda estou aprendendo. Todas as ações são enviadas aos professores, que nos dão muito suporte”.

ONLINE E IMPRESSO

A Prefeitura de Itanhaém disponibilizou duas opções para que os estudantes tenham condições de dar continuidade aos estudos. Materiais impressos ou pela plataforma digital,

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