Projeto de escola de Itanhaém promove a inclusão de aluna com deficiência

Atualmente, Ana Eduarda (no centro) se comunica muito bem com os seus coleguinhas de turma por meio da libras

Um projeto na Escola Olga Lopes de Mendonça é considerado exemplo de inclusão, pois, nesta unidade, a Língua Brasileira de Sinais (libras) é matéria para todos os alunos na sala de aula. A motivação disso tudo foi a pequena Ana Eduarda Souza de Andrade, deficiente auditiva de apenas seis anos, que viu o seu dia a dia escolar passar por uma grande transformação nos últimos meses. E a história é mais ou menos assim:

Desde quando começou a estudar, aos quatro anos de idade, Ana Eduarda, via em Fernanda Lapa Louza a sua janela para o mundo. Foi ela quem a ensinou a compreender a Língua Brasileira de Sinais (libras) e, enfim, encontrar uma forma de se comunicar que não fosse com mímicas e outras reações físicas.

Saber libras possibilitou que Ana Eduarda, nos últimos dois anos, aprendesse as lições na escola, porque sempre teve a companhia de Fernanda Louza, uma das interpretes de língua brasileira de sinais da Prefeitura, que tem a missão de acompanhar e traduzir dentro da sala de aula e ao lado do aluno deficiente tudo que a professora passa para os demais estudantes.

Contudo, o mundo da menina surda se resumia à sua relação com a intérprete, única que sabia se comunicar em libras. “Sempre foi somente eu e ela. Eu a acompanhava o tempo inteiro. Na sala, nas aulas de educação física, na hora da merenda, em todas as atividades. Também era difícil a relação com os outros coleguinhas porque existia essa barreira da comunicação”, conta Fernanda.

A vida de Ana Eduarda começou a mudar em maio deste ano. Foi quando a professora Roselene Pires Corbetta retornou de uma licença e, ao assumir a sua classe do 1º ano, viu que tinha uma deficiente auditiva na turma. “Eu cheguei e vi que Duda ficava isolada junto com a Fernanda e pensei: ela é minha aluna também como todos outros, ela faz parte da nossa turma”, contou a professora.

Roselene então participou do curso de libras oferecido pelo setor de Educação Inclusiva da Secretaria de Educação, Cultura e Esportes e, junto com a intérprete Fernanda, adaptaram o conteúdo das aulas de uma forma que todos os alunos da classe aprendessem as matérias também em linguagem de sinais. E deu certo. “Conforme foram aprendendo a libras, eles passaram a conversar com a Duda (apelido carinhoso de Ana Eduarda) e ela se integrou ao grupo. A evolução no comportamento e aprendizado foi surpreendente”, explica a professora.

E os alunos, como se fossem formiguinhas, foram espalhando a linguagem para os demais colegas da escola. A diretora da unidade, Lilian Pantarotte, e a coordenadora de Educação Inclusiva, Fabrícia Sales Cavalcante, viram a oportunidade e incentivaram o aprendizado de libras. Hoje, a tradicional cerimônia de execução do hino de Itanhaém também é feita em linguagem de sinais pelos próprios alunos.

Na hora do recreio, o cardápio também é informado em libras pelas merendeiras, que têm como principal professora a colega de profissão Rosângela Oliveira. “Quando eu vi que as crianças da classe da Ana Eduarda sabiam falar em libras, decidi me matricular no curso e aprender também. Agora eu ensino para elas”, conta.

Para um profissional que trabalha traduzindo libras para crianças com deficiências, o ver a independência da sua aluna  é gratificante. “Hoje tenho a segurança de saber que, no dia que eu não estiver na escola, Duda não ficará sozinha, que conseguirá conviver na escola normalmente. Contar essa história e a sua evolução me emociona”, disse Fernanda Louza.

E, desta forma, a vida da pequena Ana Eduarda Souza de Andrade se transformou. Hoje, a comunicação não é mais uma barreira entre ela e seus amiguinhos e para saber se isso fez diferença na vida deles, basta só observar os sorrisos quando estão conversando no agitado horário do recreio.

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